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Precisamos falar sobre equidade de gênero

A universidade é uma espaço que deve contribuir para a igualdade de gênero
Por: Henrique Nascimento 12/05/2017 - 15:39 - Atualizado em: 15/06/2017 - 10:41
Imagem de balanças com um homem e uma mulher em posição de igualdade/FONTE: Freepik
Conheça medidas e projetos que podem contribuir para igualdade de gênero
Na Universidade e na sociedade brasileira temos muitos problemas causados pela desigualdade de gênero. Além das questões relacionadas às mulheres, como a violência e os casos de abuso sexual, também existem os casos sofridos pelas pessoas da comunidade LGBTT, vítimas de preconceitos e violência. Por conta de tudo isso, é preciso falar sobre ações de equidade de gênero e da importância que há em lutar pela igualdade dentro do ambiente universitário.
 
 
 
Mas primeiro, o que é equidade?
 
Antes de falarmos de possíveis medidas práticas que levem à igualdade de gêneros é importante entender o que é equidade. De acordo com a pedagoga Silvia Moraes, com mais de dez anos de formação e professora da UNG, “equidade já diz respeito a uma forma de política compensatória para o segmento que possua maiores vulnerabilidades. A equidade é a forma de se alcançar a igualdade por meio de políticas de justiça social” explica a pedagoga.
 
A desigualdade não é natural
 
As universidades ainda apresentam uma configuração em que  mulheres e homens estão em espaços distintos. Moraes destaca que os chamados cursos de exatas continuam sendo ocupados por homens e cursos que estão relacionados ao cuidado são associados ao público feminino. No entanto, ela afirma que nada disso é natural, na verdade é fruto de um processo social fortalecido durante a educação básica.
 
Os cursos com maioria ocupada por mulheres também são os cursos que apresentam os menores salários.  “É importante dizer isso porque essa é uma representação do mercado de trabalho em que fica nítido a relação estudo-trabalho organizado quase que por “guetos” com base no gênero”, afirma Moraes.
 
Um dos fatores que afastam a mulher do ensino superior são as cobranças sociais. Silvia aponta que a partir de argumentos biológicos as mulheres são cobradas, durante a idade que iniciariam o Ensino Superior, para desenvolver uma vida familiar, casar e ter filhos. Isso traz dificuldades, fazendo com que elas não tenham tempo para planejar a carreira profissional e universitária. 
 
Para lidar com as duas coisas, família e estudos, muitas mulheres abandonam a universidade e as que decidem continuar precisam de um investimento maior e de auxílio externo. Uma das políticas indicadas nesse caso, conforme defende Moraes, seriam os programas de creche na universidade. Esses espaços devem ser desenvolvidos pela instituição de ensino em parceria com órgãos estatais e privados.
 
A importância da Educação em Direitos Humanos 
 
Levando em consideração que toda atuação profissional após a universidade será feita em um ambiente de desigualdades sociais, é importante, de acordo com a pedagoga, que todos os cursos desenvolvam em seu currículo, disciplinas que abordem a Educação em Direitos Humanos. Essas disciplinas, além de outros temas, devem tratar das relações de gênero de forma ampla, “[...] tanto sobre a relação de homens e mulheres e seus acessos aos mais variados direitos,  quanto da população considerada LGBTT,  hoje o segmento mais vulnerabilizado da sociedade”, evidencia Moraes.
 
A luta por uma universidade plural e inclusiva
 
“Reconhecer que a universidade tem sido um campo de privilégios é essencial para compreender como pode atuar para a construção de uma sociedade mais justa para a população LGBTT”, é com essa fala que Silvia Moraes nos alerta para os baixos índices da participação da comunidade LGBTT, principalmente Transexuais e Travestis, no Ensino Superior brasileiro.
 
Mais um vez, esse quadro não é natural, mas fruto de construção histórica e cultural. A comunidade LGBTT costuma abandonar a escola ainda na educação básica, na fase da adolescência, “momento em que o corpo, os desejos e afetos ficam mais evidentes,  e portanto, momento em que as violências também começam a ficar mais constantes”, explica a pedagoga. Por conta disso são muitos os que não terminam o ensino médio e quando retornam procuram aulas na Educação Para Jovens e Adultos (EJA), o que pode resultar em um déficit educacional.
 
Silvia aborda que a integração da pessoa LGBTT na universidade deve ser feita com o mesmo respeito dado a qualquer outro aluno. A universidade deve primeiramente instituir a possibilidade de uso do nome social, acesso a todos os ambientes da instituição, ter políticas educacionais que possam compensar os possíveis problemas de escolarização e uma política rígida contra qualquer tipo de manifestação preconceituosa.
 
Alunos multiplicadores: para  além dos muros da universidade
 
Uma prática interessante apontada por Moraes para trabalhar a equidade de gênero nas escolas, é a visita de profissionais e alunos da universidade de diversos setores e de diferentes gêneros. Esse tipo de prática, leva aos alunos da educação básica a entender que eles podem cursar o que quiserem, pois são capazes de aprimorar habilidades para todos os cursos.
 
O Núcleo de Extensão da UNG estará desenvolvendo no dia 18 de maio deste ano, dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, um projeto, sob a responsabilidade de Isabelle Pontes, que levará alunos da Universidade para promover palestras e distribuição de material de divulgação em escolas de Guarulhos sobre o abuso, violência e a exploração sexual. De acordo com a professora Lis Lakeis, coordenadora do Núcleo, o projeto será voltado para um público amplo, homens,  mulheres e crianças e contará com a participação de alunos dos cursos de direito, psicologia e serviço social.
 
O abuso sexual é uma forma de submeter pessoas à condições de inferioridade. Esse tipo de crime, que atinge muito mais mulheres do que homens, está ligado a situação social em que vivemos, onde homens aprendem, de forma equivocada, desde cedo que estão acima das mulheres e acreditam possuir o domínio sobre elas e sobre seus corpos.
 
Há o objetivo de que os alunos participantes também se tornem multiplicadores na Universidade do conteúdo que estarão apresentando. “Quanto mais informação o aluno recebe, mas ele se torna um multiplicador”, afirma Lakeis. 
 
A seleção dos alunos participantes é feita a partir dos coordenadores dos cursos de Psicologia, Direito e Serviço Social. Cada coordenador escolherá os alunos que participarão de acordo com a disponibilidade e atividades desenvolvidas durante o curso. Caso algum aluno da UNG tenha interesse em participar do projeto, deverá entrar com o Núcleo de Extensão. 
 
A escolha das escolas que receberão o projeto é feita a partir do contato prévio da universidade com as instituições que já apresentam aberturas de parceria para o desenvolvimento de projetos. Caso alguma escola da região de Guarulhos deseje a visita do projeto, deve também entrar em contato com o Núcleo de Extensão da UNG através do email extensão@ung.br ou pelo número de telefone 2464-1151.
 
Tem alguma experiência que deseja compartilhar conosco? Conhece algum projeto para promover igualdade de gênero? Comente!

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