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102 anos de Samba: conheça os diferentes estilos do ritmo!

Marcele Lima Por: 30/11/2018 - 15:18 - Atualizado em: 30/11/2018 - 16:12
102 anos de Samba: conheça os diferentes estilos do ritmo/MINC
102 anos de Samba: conheça os diferentes estilos do ritmo/MINC

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é”, já dizia Dorival Caymmi, no Samba da Minha Terra. O dia 02 de dezembro é marcado para celebrar este ritmo cultural, que se origina dos batuques dos tambores africanos. O termo “semba”, que significa “umbigada”, era utilizado para designar a dança nas festas realizadas pelos escravos, repletas de música.

A partir do século XIX, com a fase Imperial, principalmente no Rio de Janeiro, surgem aglomerados de negros vindos de outras partes do Brasil, trazendo consigo as influências das religiões iorubás, fazendo nascer daí as celebrações com rodas de samba, misturando o som africano com a polca e o maxixe.

O marco para o estilo foi o ano de 1916. O primeiro samba chamado de "Pelo Telefone" foi gravado, com letra de Mauro de Almeida e Donga e interpretado pelo cantor Bahiano.

Mas você sabe diferenciar os diferentes tipos de samba? Confira!

Samba de roda:  Tem origem baiana e está associado à capoeira e aos cultos africanos. É umas das modalidades mais tradicionais do samba. É considerado Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). É caracterizado com a música cantada e acompanhada por palmas, violas e outros instrumentos musicais, além de muita dança.

Samba enredo: Fortemente ligado ao Carnaval, o ritmo surge no Rio de Janeiro, na década de 1950. Hoje em dia, todos os desfiles de escolas de samba ao redor do Brasil apresentam seus temas cantados por intérpretes como Neguinho da Beija-Flor, por exemplo. As letras têm a ver com o que as escolas propõem para os festejos daquele ano e podem apresentar teor social, histórico e cultural.

Samba carnavalesco: Difere do samba enredo por ser cantado fora dos desfiles das escolas de samba. Marchinhas cantadas nos blocos, como “Abre Alas” e “Cidade Maravilhosa”, fazem os foliões caírem na festa, sobretudo nas cidades onde os bloquinhos de rua são populares como Rio, São Paulo e Ouro Preto, em Minas Gerais. Clique aqui e ouça!

Samba-canção: Nomes como Noel Rosa, Cartola e Ataulfo Alves representam esta vertente do samba. Composto de letras românticas e ritmo mais lento, fala muitas vezes de solidão, amor e relacionamentos. Ele surge no final da década de 1920, também no Rio de Janeiro. Escute um clássico de Cartola!

Partido alto: Estudiosos do samba garantem que este é o tipo que mais se aproxima das origens africanas. Concilia formas mais antigas e modernas da música, que incluem letras improvisadas e dança. É a inspiração para o pagode de raiz. Entre os representantes deste estilo está a cantora Clementina de Jesus.

Samba Joia: Um das ramificações que mais sofrem preconceitos por parte dos pesquisadores. Dizem que foi a partir dele que surgiram os pagodes românticos da década de 1990. Tem no nome de Benito di Paula uma das representações e pode também ser chamado de sambão. Ele reúne elementos de jovem guarda, soul e bolero. Conheça um pouco do estilo!

Samba exaltação: Neste tipo de samba a característica mais forte é o patriotismo. Um marco no estilo é a música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, lançada em 1939. Geralmente acompanhados de orquestras, os intérpretes cantam letras ufanistas de exaltação às belezas do país.

Samba de gafieira: Este estilo é feito para ser dançado juntinho. É um tipo de dança de salão e costuma ter coreografias e ritmos mais agitados. Tem influência do maxixe e trabalha em cima da “malandragem e da sensualidade” dos dançarinos. Também surge no Rio de Janeiro, com forte influência negra.

Samba de breque: Breques são pausas para fala. Os intérpretes desse estilo costumam incluir nas suas canções discursos engraçados, que remetem a tal “malandragem” do samba ou até mesmo críticas de diversos vieses. Um dos símbolos do sub-gênero é Moreira da Silva, que usava o clássico chapéu de palha, terno de linha e dançava com gingado todo carioca. Ele costumava colocar versos e discursos improvisados no meio de suas apresentações. Ouça Moreira da Silva!

Sambalanço: Este é um estilo que mistura samba com bossa nova e jazz. Surge no início de 1960 em casas noturnas do Rio de Janeiro e São Paulo. Os compositores começaram a incluir “swingue” nas suas obras, agradando ao público jovem. Entre os principais representantes desse subgênero está Jorge Ben Jor.

Samba X Pagode

Existe muita confusão em relação aos dois ritmos. Muitos dizem que o pagode deriva do samba, outros, que são coisas completamente diferentes. O que se sabe sobre a origem da palavra “pagode” é que vem das festas regadas a música, bebidas e comidas, onde se ouvia samba e outros tipos de música também.

Já outras versões dizem que às comemorações que aconteciam nas senzalas é que se davam o nome de pagode.

Um dos pesquisadores do assunto, Euclides Amaral, explica que o pagode aparece no Rio de Janeiro no começo da década de 80, como uma manifestação espontânea de sambistas espalhados por subúrbios cariocas.

Surgem nomes como Almir Guineto, Fundo de Quintal e Jovelina Pérola Negra. Esta vertente tem muita ligação com o samba de partido alto. Neste período, as gravadoras começaram a designar todos esses, e outros artistas do tipo, como “samba”.

Escute Jovelina Pérola Negra!

Posteriormente, surgiram grupos que misturavam outros estilos com pandeiro tocado ao fundo, com um apelo comercial, fabricado pela indústria cultural para atrair cada vez mais público.

Na década de 1990, muitos desses grupos chegaram a vender milhões de discos e os sambistas mais tradicionais começaram a querer certa diferenciação em relação aos colegas pagodeiros.

No entanto, o mais importante é que o samba completa 102 anos, mais vivo do que nunca. Conquistando cada dia mais corações, fazendo perpetuar a raiz dos povos africanos, que buscavam na música e na dança um acalanto para seus fardos e sofrimentos.

O samba é um dos pilares do Rio de Janeiro. A Univeritas tem orgulho de ajudar a escrever a história desse estado. Feliz dia do Samba!

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