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Vidas importam

Janguiê Diniz - Fundador e Presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional - Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo
Assessoria de Comunicação Por: 05/06/2020 - 08:50 - Atualizado em: 12/06/2020 - 07:56
Nos últimos dias, eclodiu no mundo, com foco nos Estados Unidos, um novo movimento de luta contra o racismo. O lema “Black lives matter” (“Vidas negras importam”) gerou diversos e grandes protestos após a morte de George Floyd, negro estadunidense de 46 anos que morreu após ser sufocado por quase 9 minutos no chão de uma avenida em Minneapolis por um policial. Fica a pergunta: até quando atos como este irão se repetir? Até quando iremos fazer esta irracional distinção de pessoas pela cor da pele?
 
O caso reacendeu conflitos raciais latentes nos Estados Unidos e motivou atos em diversos países, como o Brasil, em que se lembraram também outras vidas, como a do garoto João Pedro, morto durante uma operação policial no Rio de Janeiro. Nos Estados Unidos ou no Brasil, fato é que a população negra tem sido historicamente minorizada (apesar de, aqui, representar a maioria dos cidadãos). Assim como outras parcelas também são minorizadas. Estamos em 2020 e ainda se discrimina pretos, pobres, imigrantes, LBGTQIA+, enfim, qualquer pessoa que não se “encaixe” nos padrões estabelecidos há muito tempo. Essa situação não pode perdurar.
 
George Floyd foi mais um exemplo de como as vidas negras ainda são menosprezadas. Por quase 9 minutos com a cara no asfalto e o joelho do policial em seu pescoço, ele gritava: “Não consigo respirar!”. Uma cena lamentável. Trazendo esse caso e o que ele revela para a realidade do empreendedorismo, minha seara, basta pensarmos em quantos donos de empresas ou profissionais em altos cargos de gestão conhecemos que são negros. Em alguns casos, é possível contar nos dedos. Se compararmos com a ocupação branca, a balança não se equilibra. E nem sempre o preconceito está nos processos seletivos de contratação de pessoal, mas vem de muito antes, da formação básica do cidadão. No Brasil, o negro, geralmente pobre, tem menos oportunidade de estudo e inclusão, o que dificulta, mais tarde, acesso a faculdades e universidade e uma consequente barreira ao desenvolvimento pessoal e profissional. É preciso que se invista maciçamente em programas que quebrem esses obstáculos e promovam, desde a base, a ascensão da população negra.
 
Nessa discussão, também surgem os críticos do movimento negro ou os que pregam que “todas as vidas importam”. Defender essa ideia, embora um conceito correto – afinal, nenhuma vida pode ser menos importante que outra –, retira o mérito do movimento de defesa da população negra. Se todas as vidas importam, é verdade que uma vida negra, atualmente, parece ter menos valor. E é preciso se repetir que “vidas negras importam” até que essa frase se torne realidade. Não é “mimimi”, é realidade. Triste realidade.
 
Pensando mais racionalmente, nenhum desses movimentos de defesa de “minorias” deveria existir, porque não deveriam ser necessários. Mas, infelizmente, são. É preciso lutar pelos direitos das mulheres, é preciso lutar pelos direitos dos LBGTQIA+, é preciso lutar pelos direitos do ser humano.
 
Devemos, sempre, buscar a igualdade em todos os espaços. Hoje, jogamos luz sobre o movimento negro e sua luta histórica e necessária. Amanhã, precisamos também voltar os olhos a outras parcelas da população que ainda sofrem discriminação e são preteridas. Nenhuma vida deve ser deixada de lado, nenhum grito deve ser sufocado.
 

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