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Um toque que salva vidas: quebre o tabu sobre o exame

Se pensar em ir a um urologista te traz arrepios, nós te daremos todas as respostas sobre o porquê do toque retal ser completamente inofensivo.
Por: Caroline Melo 03/11/2016 - 10:34 - Atualizado em: 12/12/2016 - 10:23
Foto: Shutterstock
O câncer de próstata compreende 15% do total de homens atingidos por câncer no mundo
Um médico, uma luva e um enorme tabu. O exame de toque retal, que se torna assunto em cada início da campanha Novembro Azul, parece uma ameaça inescapável à masculinidade. Nada pior que ter que fazer esse exame, certo? Errado. 
 
O toque retal é usado para muitas coisas, mas é utilizado como um complemento insubstituível para identificar mais rapidamente o câncer de próstata. Esse é o quarto tipo de câncer com maior incidência no mundo, considerando todos os tipos que atingem ambos os sexos. Ele compreende 15% do total de casos de tumores em homens, perdendo apenas para o câncer de pulmão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tais números, registrados no World Cancer Report 2014, pesquisa realizada pela Internacional Agency of Research in Cancer (Iarc), apontam a ocorrência de 31,1 casos a cada 100 mil homens em todo o mundo. O índice de mortalidade pode até ser considerado baixo (16,4% do total), mas está longe de ser nulo. 
 
Entendendo a anatomia
A próstata é uma glândula responsável por produzir parte do líquido do sêmen que fica abaixo da bexiga masculina e diretamente em frente ao reto e da uretra, por isso é simples de ser alcançada e apalpada a partir do ânus. Conforme a idade avança, a glândula fica mais vulnerável a tumores. É possível que esses tumores cresçam de forma rápida, levando às consequências difíceis do câncer - incluindo a morte -, mas a grande maioria cresce muito lentamente, de modo que não chegam sequer a ameaçar a saúde ou causar sintomas na vida do homens. 
 
O problema é que a genética cumpre um papel muito importante no desenvolvimento do câncer de próstata.  De acordo com os dados da pesquisa da OMS, cerca de 25% dos homens com câncer de próstata têm histórico conhecido da doença na família. O exame de rastreamento da doença é necessário, então, para que cada homem determine seus fatores de risco da doença e possam realizar o acompanhamento mais de perto, é necessário que o toque retal seja feito. 
 
Como funciona o exame
Não há motivos para fazer drama a respeito desse exame. A frequência da realização não é alta, não são todos que precisam fazer e ele não é dolorido. E, claro, mantém intacta a masculinidade de qualquer homem. “É um exame desconfortável, mas os benefícios são muito maiores que o preconceito e o desconforto”, analisa o médico urologista e mestre em Ciências da Saúde, Rômulo Vasconcelos.
 
Todo o processo é bem simples: com uma luva lubrificada, o médico insere um dedo no reto do paciente, a fim de sentir a superfície da glândula enquanto busca algum tumor suspeito, analisando também o volume, a sensibilidade, a consistência e a mobilidade da próstata. Se o paciente puder relaxar, não sentirá qualquer dor durante o exame, que dura poucos minutos.
 
“O exame é pautado em dois tipos de avaliação, a clínica e a laboratorial”, explica o urologista. Segundo ele, a avaliação laboratorial é realizada através de um exame de sangue, que analisa o índice de PSA do sangue (Antígeno Prostático Específico). Ele sozinho, porém, não consegue apontar com certeza a incidência do câncer e por isso o exame clínico (toque retal) também é realizado. Juntos, as chances de identificar alterações malignas na próstata mais rapidamente aumentam muito. 
 
A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, de acordo com Rômulo, é que se faça o exame de rastreamento do câncer de próstata homens dentro de três grupos:
 
Homens com mais de 50 anos que têm algum risco da doença
 
Homens a partir dos 45 anos que têm alto risco de desenvolver câncer de próstata, ou seja, aqueles que têm parentes em primeiro grau que apresentaram a doença antes dos 65 anos.
 
O Instituto Nacional do Câncer, o Inca, ainda adiciona que, para homens que têm mais de um parente em primeiro grau diagnosticado com câncer de próstata, o rastreamento pode começar aos 40 anos. 
 
Os resultados devem ser registrados e acompanhados pela família, uma vez que entre os fatores de risco os principais são a herança genética, a idade e a etnia de cada um. As maiores incidências de câncer são em homens a partir dos 65 anos (segundo o Inca, este tipo de câncer é considerado um câncer da terceira idade), com histórico familiar, negros e pardos. 
 
Os casos que resultam em óbito são aqueles que não tiveram diagnóstico precoce. As chances de cura são enormes se os tumores são descobertos a tempo. A taxa de mortalidade é muito baixa. A grande dificuldade, hoje, está em vencer as barreiras culturais, o preconceito, o machismo e a falta de informação. Para Rômulo Vasconcelos, essa resistência de alguns homens ao exame “é uma situação puramente cultural”. A solução para isso? “É o avô falar com o pai e o pai falar com o filho”. 
 
E você leitor e leitora, tem um pai, tio, avô, em idade de fazer o exame? Não deixe de levá-lo a uma clínica especializada para realização do exame!

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