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Escolha de perfil específico prolonga espera por adoção no Brasil

De acordo com dados do CNA, a maioria dos pretendentes a pais desejam crianças muito novas, quando a realidade dentro dos abrigos é bem diferente
Marcele Lima Por: 25/05/2019 - 09:49
Adoção/Pixabay
Adoção/Pixabay

O sonho de construir uma família permeia o imaginário de muitos. No entanto, nem todo mundo pode, ou quer, passar pelo processo de forma biológica e acaba optando pela adoção. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção, lançado em 2008, que é coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem hoje no Brasil 9,5 mil crianças e adolescentes aptos para o processo e quase 46 mil pessoas à espera de um filho. A conta parece estar errada, porém, um dos entraves para que existam mais pretendentes a pais do que crianças aptas para serem acolhidas, são exigências feitas justamente na hora de preencher o cadastro para entrar no processo.

Há sempre preferências por bebês e crianças com até 3 anos. Entre os adotantes, 14,74% só aceitam crianças brancas e outros 61,95% não aceitam adotar grupos de irmãos. Do outro lado, mais de 60% das crianças que estão nos lares temporários são pretas e pardas. A maioria (55,46%) tem irmãos e mais de 70% passaram dos 5 anos de idade. Um outro dado aponta que ainda que existem 25,68% de crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência ou doenças crônicas. “O que geralmente prolonga a espera por um filho é o perfil desejado”, é o que afirma a Corregedoria Nacional de Justiça.

Em pronunciamento recente, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que o governo pretende lançar ainda este ano uma campanha para incentivar a adoções tardias. “Estamos observando que o número de crianças que estão ficando nos abrigos é a partir de três anos de idade. Vamos fazer uma campanha focada em adoção tardia e trabalhar também com a adoção de crianças com doenças raras, crianças com deficiência física ou mental”, disse a ministra no seminário “Cruzada da Adoção - Adoção 9 meses: Família para Todos, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília.  

Existem diversos grupos de apoio à adoção no Brasil. Neles, os integrantes trocam experiências e encorajam outras pessoas a escolherem a adoção como forma de realização de um sonho. Em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, o Grupo de Apoio à Adoção do Paulista (GAAP), realiza encontros no último sábado de cada mês, no auditório do Ministério Público da cidade.

O Presidente do GAAP, Márcio Francisco dos Santos, entrou nesse universo de amor e troca há 10 anos e afirma que para ele tudo correu de forma tranquila. “No meu processo de adoção foi antes do CNA. O período que eu fiquei para adoção foi até rápido. Entre a entrega dos papéis e a adoção demorou 9 meses, até a chegada do meu primeiro filho”. Este é o prazo proposto pela Ministra Damares Alves, anunciado por ela durante o seminário de adoção na Câmara dos Deputados. A proposta é que todo processo dure aproximadamente 9 meses, em alusão ao período gestacional.

Para Márcio Francisco, ter um filho independe da forma como ele foi gerado, seja em uma gravidez natural, inseminação artificial ou por meio da adoção. Vai além dos laços de sangue. “Ser pai e ser mãe não está condicionado a questão de gerar um filho. Está condicionado a querer cuidar, dar afeto e dar amor. Isso vem da alma. E na adoção o que vem primeiro é o desejo, é à vontade e querer cuidar do outro”, conclui o presidente.

Para fazer a inscrição no Cadastro Nacional é preciso procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude da sua cidade ou região, levando a documentação. Em seguida os documentos irão ser analisados. Os candidatos passam por uma avaliação psicossocial e participam de um curso preparatório, que dura 2 meses. Depois disso, o requerimento passa por uma análise pela feita pela autoridade judiciária, que dá uma sentença. A partir daí o pretendente passa a fazer parte do Cadastro Nacional de Adoção e fica em uma fila à espera de uma criança ou adolescente, de acordo com o perfil incluído por ele no momento do preenchimento dos dados. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a preferência é que as duas partes sejam da mesma cidade, região e país, nessa ordem.

Para conhecer os critérios para entrar no CNA acesse o site do Conselho Nacional de Justiça.

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